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Arquiteto Urbanista e Jornalista, premiado como artista visual, animador, roteirista, quadrinista, bonequeiro e gestor social.
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    Blog

    Entrevista: José Virgílio Braghetto, da ficção ao fato

    Um pacato homem de negócios, rastreamento ocular, genética aplicada a e-commerce, computação gráfica hiper-realista e cerveja artesanal em um resort das Maldivas… se tudo isso parece roteiro de ficção científica, não se engane: José Virgílio Braghetto Neto é uma pessoa real que, nessa entrevista, mostra como aplicou a inovação na prática.

    Partindo de um marco, o que o pequenino Zé Virgílio respondia quando lhe perguntavam “o que você quer ser quando crescer”?

    Sabe, Cordeiro, eu era um fã de ficção científica e como todas as crianças, sonhava em poder usar aqueles gadgets super bacanas ou fazer aquelas coisas super legais que os meus heróis faziam. Fui crescendo e quando compreendi o significado do termo “ficção” em ficção científica já era tarde, a coisa já estava no sangue. Quando me perguntavam o que queria ser quando crescesse, a resposta estava na ponta da língua: astronauta, engenheiro-genético ou sorveteiro!

    Pois é, a criança cresceu e se tornou um empresário de sucesso em várias frentes. Por favor, conte um pouco desse começo. 

    Comecei entre 1994 e 1995 com a OmniMidia, na época com o meu amigo Simon Scudder como sócio. A ideia era criarmos uma empresa que solucionasse problemas de outras empresas nas áreas de tecnologia, principalmente em TI multimídia e em produção de conteúdo. Nós sabíamos que estávamos criando uma empresa para resolver problemas que, em muitos casos, ainda nem existiam!

    O mais divertido, era que podíamos ter acesso aos “brinquedos mais bacanas da rua”: computadores super-rápidos, milhões de cores, scanners, softwares de 3D e de criação multimídia… pode parecer muito comum e banal hoje, mas numa época em que ainda não havia internet no Brasil, esse tipo de inovação era algo fantástico.

    Em que momento você se sentiu livre para desenvolver seus projetos criativos?

    Acredito que se “sentir livre” seja muito mais um estado de espírito do que uma condição financeira ou profissional, mas algumas coisas ajudam muito para isso, principalmente colocar-se como dono da própria vida e não escravo do seu trabalho. Além disso, foi fundamental desenvolver a capacidade de descentralização, delegar mais, de contratar as pessoas certas e buscar parcerias que se completam. Um exemplo foi a entrada de minha irmã, Daniela Issa, como sócia em meados dos anos 2000. Como ela tem cuidado da gestão financeira, ganhei espaço para voltar a um papel mais focado à inovação e ao design de novos negócios. Foi assim que conquistamos altitude e velocidade de cruzeiro e a partir daí que surgiram outros braços, como a OmniWeb, para demandas específicas de internet.

    Imagino que a organização da sua empresa e consequentemente do seu tempo, permitiu que você também se aprimorasse pessoalmente. Qual foi o impacto nos negócios?

    Sim. Um exemplo foi a experiência na Singularity University USA, uma think tank, ou fábrica de ideias e inovação, originada no Vale do Silício, que oferece programas educacionais e incubadora de empresas focada no progresso científico, na inovação e nas tecnologias exponenciais. A Omni Labs, foi um fruto direto dessa experiência e tem servido de suporte e fonte para inovações para suas empresas-irmãs, Omni Filmes, Omni-Web e agora na Cervejaria Pratinha e na Fundação PANDA. Esta última é um projeto na área de apoio à educação e desenvolvimento infantil de crianças que necessitem de suporte específico.

    Você acabou chegando à estratosfera com suas criações tecnológicas e ao mesmo tempo que trabalha, se diverte. Noto que mesmo um pouco alterado, seu projeto inicial do que ser quando crescer ainda persiste. Poderia destacar alguns pontos notáveis dessa escalada criativa?

    Vou me ater a projetos bem relevantes para a sociedade e para o mercado que, ao mesmo tempo, me proporcionam grande satisfação pessoal e a realização sonhos.

    Criamos um projeto de rastreamento ocular, Eye Tracking, para ensinar crianças a aumentar o tempo de atenção e contato visual. Acabei indo conhecer o Japão quando fui apresentá-lo para empresários e pesquisadores em um congresso importante da ABAI (Association for Behavior Analysis International) em Kyoto.

    Também desenvolvemos uma patente na área de biotecnologia e ao combiná-la com a nossa experiência em negócios eletrônicos, misturamos genética com e-commerce passando pela área de nutrição e farmacológica – a única parte chata é ficar respondendo às investidas de gigantes da área que ficaram bastante incomodados! (risos)

    Tive o privilégio e a sorte de conhecer a Luiza Helena do Magazine Luiza e puder contribuir para colocar em prática a sua visão arrojada e inovadora do varejo. Seu eixo central era uma forte veia tecnológica sem perder o calor humano e fizemos isso com a digitalização da antiga Loja Eletrônica Luiza (atual Loja Virtual) e com o desenvolvimento do seu primeiro e-commerce.

    Falando nisso, a demanda constante de filmes de ofertas do Magazine Luiza geraram um projeto interno na Omni Filmes que chamamos de Omni SHIFT. A produção semanal de cada um desses filmes era demorada, com uma logística complicada e sempre havia o risco de produtos de alto custo serem danificados no transporte ou processo. Então, de forma planejada, abandonamos o método tradicional com o qual estávamos acostumados a 25 anos e em um período de quase um ano, modelamos dezenas de cenários e centenas de produtos de oferta em 3D. Ao mesmo tempo, desenvolvemos uma plataforma online e mobile para gestão e criação das ofertas. Em 2018, iniciamos os trabalhos 100% a partir de computação gráfica. Os produtos finais são tão legais, que é difícil distinguir o que é, do que não é “real”.

    Depois de terminado, parece simples, mas o projeto deve ter requerido uma verdadeira ruptura…

    Claro! A missão do Omni SHIFT era a de digitalizamos tudo, dos cenários e elementos de cena à própria gestão do conteúdo e assim o fizemos. O “shift” vem de mudança. Para dar certo, tivemos que buscar a inovação e rever toda alógica da empresa, começar do zero, deixar o antigo pra trás (por mais que tenha funcionado muito bem por décadas!), e recomeçar em modo de start-up.

    Foi um verdadeiro projeto fênix para nós, um trabalho magnífico de uma equipe fera que mandou muito bem – cada uma dentro da sua especialidade fez acontecer algo que parecia impossível!

    Nesse método claro de transformar diversão em geração de riqueza a partir da inovação,  vem também a Pratinha, uma cervejaria que começou como hobby e atravessou o oceano. Não é mesmo?

    Ah! Essa é outra coisa que eu acho muito bacana. Eu acabei trocando o meu desejo de ser sorveteiro pelo de ser cervejeiro e a marca criou asas. Da cerveja que fazia no fogão à lenha da fazenda para festivais internacionais nos EUA e agora, até para mesa de restaurantes de sofisticados resorts de luxo nas Ilhas Maldivas, é algo muito gostoso de se ver e que me dá muito orgulho. Com essa nova proporção, este é mais um trabalho realizado em equipe e estamos formando um time maravilhoso da nossa “Pratinha”.

    A partir de tudo que conversamos aqui, quando reflete sobre seu próprio processo criativo e de inovação, o que você encontra?

    Quando olho de perto, noto que há sempre uma pitadinha de ficção científica na minha vida e esta tem sido uma poderosa ferramenta para o meu processo criativo e ou de solução de problemas. Existem dois componentes neste processo, um inerente a quem eu sou e a minha história, principalmente quanto a “criança interior” que consegue ver o problema com um olhar de iniciante em que tudo é possível  e a imaginação é o limite (science fiction fan) e o outro são técnicas aprendidas, como por exemplo: fazer as perguntas certas, explorar o contexto, trocar de papel (tomada de perspectiva), selecionar as ideias, colocar a mão na massa, analisar o resultado até termos um “protótipo” minimamente viável e repetir o processo, melhorando a cada rodada.

    Qual é um dos pulos do gato?

    Acredito estamos vivendo em uma época sem precedentes para observar o fenômeno do  “From Science Fiction to Science Fact” (da ficção científica para a ciência de fato), muito daquilo que nos fascinava nas séries de TV hoje fazem parte do nosso dia-a-dia. Alguns exemplos rápidos são a Inteligência Artificial e o Controle de voz de vimos no computador “HAL” do filme 2001 uma Odisseia do Espaço, presente hoje em muitos celulares, o “Replicator” do Jornada nas Estrelas em forma de impressoras 3D, carros autônomos, as viagens espaciais e assim vai.

    Se a ficção ainda não virou fato, não costumo me contentar com esta resposta e acabei por trazer este “descontentamento” para a minha vinha pessoal e profissional

    Falamos muito aqui da criança interior. Para terminarmos, gostaria de saber como você enfrenta os seus medos.

    Focando na vontade de fazer acontecer. O medo é um ótimo aliado para me ajudar a me esforçar mais, analisar todas as variáveis e ser mais rápido.

    Agradeço muito por seu tempo e atenção, meu caro.

    Maravilha! Fico feliz com a sua gentileza e interesse.

     

     

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    comentários

    Cordeiro de Sá