Um pedacinho pra cada um
A motivação
Crise institucional é a expressão mais direta. Universidades particulares e públicas, escolas fundamentais, de ensino médio, sistema S (Sesc, Senac, Senai…), órgãos governamentais de Educação e de Cultura, ONGs, ou seja, os lugares de contato presencial entre professores e alunos vivem sob ameaça.
Enquanto isso, a imagem do professor tem sido sistematicamente atacada. Difícil, né?
Paralelamente, se opção pelo ensino a distância é mesmo prática e interessante, o patamar tecnológico que vivemos ainda não me parece capaz de suprir as necessidades básicas de troca e contato para que ocorra o processo de ensino/aprendizagem pleno e de mão dupla. (Oras! Também gosto de aprender com os alunos e alunas!)
Em vez de reclamar ao vento, comecei a pensar e cheguei à conclusão de que utilizar a comunicação digital para viabilizar uma ação de base analógica talvez funcionasse bem…
O processo
Comecei por uma chamada nas redes: “quem foi meu aluno ou aluna põe o dedo aqui! Vou lhe dar um presente…”. Até o final do prazo que estipulei, recebi 250 comentários. Enviei um inbox para quem comentou, contendo um formulário Google e obtive 175 respostas. Eu já tinha a base de dados para fazer o contato direto.
Passei a desenhar. Adoro paisagens rurais, adoro arte naif e tenho esses espaços como palácios mentais, lugares de refúgio imaginário para momentos de crise, indecisão ou simples descanso das ideias e memórias. Queria partilhar isso com quem fez a “lição de casa”.
Depois de terminada, a obra que ficou bem grande foi fatiada em pequenos pedaços, marcados com as coordenadas em que se encontravam no todo – a viagem é que se, um dia, os alunos e alunas de diferentes lugares e tempos se encontrarem, poderão remontar a obra inicial.
Os bastidores
Cuidei para não desenhar pessoas e deixar uma janelinha ou portinha abertas em cada edificação, para que cada um possa habitar a construção que recebeu como seu próprio espaço de paz e equilíbrio. Há casinhas, vendas, uma roda d´água, igrejinhas de roça e até faróis…sim, não é mar, mas tem farol. Adoro o conceito poético dos faróis.
Ao longo do processo, utilizei meus perfis no Facebook e no Instagram para mostrar aos poucos o que acontecia, mas sem explicar muito. Assim que postei as cartinhas simples nos Correios, fiz esse vídeo e publiquei a história para que todos entendessem, utilizando também Youtube e LinkdIn. O resultado tem sido muito bonito e gratificante
Por fim, confesso que foi muito divertido escolher o tipo de pincel, usar esquadro, régua, estilete e cola, mas o mais legal foi mandar fazer um carimbo para não ter que escrever dezenas de vezes o meu nome e endereço!